Enquanto no Brasil são 12 milhões de desocupados, a cidade, que é uma das principais do polo calçadista mineiro, contabilizou de janeiro a março deste ano, mais de três mil postos de trabalho. Isso significa que o número de admissões superou o de demissões. Do total de vagas geradas, 90% são da indústria de calçados. Os anúncios de contratações estão por toda parte. Mas nem sempre as vagas são preenchidas - o problema está na qualificação.
Adriana Ferreira
O município de Nova Serrana, no centro-oeste de Minas Gerais, vem caminhando na contramão do desemprego. Enquanto no Brasil são 12 milhões de desocupados, a cidade, que é uma das principais do polo calçadista mineiro, contabilizou de janeiro a março deste ano, mais de três mil postos de trabalho. Isso significa que o número de admissões superou o de demissões. Do total de vagas geradas, 90% são da indústria de calçados. Os anúncios de contratações estão por toda parte. Mas nem sempre as vagas são preenchidas. O problema está na qualificação.
Rodrigo Martins é diretor comercial de
uma das mais tradicionais fábricas de Nova Serrana. Os produtos por lá
são feitos em couro, material delicado e ao mesmo tempo caro. Por isso,
os critérios de seleção são mais específicos. Ele confirma que sempre há
necessidade de mão de obra qualificada, mas, nem sempre, encontra
profissionais habilitados para ocupar as vagas abertas: “a gente tem
funções específicas e às vezes se exige uma qualificação maior de
determinados funcionários para o trabalho com esse tipo de material. A
verdade é que a gente sempre tá aceitando currículos e sempre tá
contratando. A gente sempre tem necessidade de mão de obra qualificada".
A qualificação garante ao fabricante
segurança na linha de produção. No caso de Rodrigo são 800 pares de
sapatos femininos fabricados por dia. Volume suficiente para atender as
principais capitais do sul e sudeste do Brasil, além do mercado
internacional como Estados Unidos, Peru e Oriente Médio.
Não é diferente na fábrica comandada
pelo empresário Júnior César Silva. Ele começou fabricando calçados
esportivos. Há alguns anos, o foco mudou. Agora as atenções estão
voltadas ao público feminino. Com cerca de 100 funcionários, o
empresário já prevê crescimento no quadro para o segundo semestre,
quando os negócios serão ampliados. A dificuldade, segundo Júnior, que
também é vice-presidente do Sindnova, Sindicato das Indústrias de
Calçados de Nova Serrana, não está tanto nos profissionais que atuam na
linha de produção, mas em cargos administrativos e com perfil gerencial:
"em algumas funções mais específicas, há dificuldade de contratações,
principalmente em cargos de chefia. O processo de chefia,
administrativos, que exigem um pouco mais de qualificação, nesses casos
há sim mais dificuldade".
Jéssica trabalhava em uma montadora de
veículos em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ficou três
anos desempregada e encontrou uma recolocação em Nova Serrana e, em
menos de um ano, já foi promovida: "onze meses que eu estou aqui, mas na
verdade não comecei como embaladeira, comecei como passadora de cola.
Aí foi subindo e hoje tô embalando".
Considerando as cidades que tem a
produção de calçados como principal vocação, Nova Serrana é a segunda em
criação de postos de trabalho, perdendo apenas para Franca, em São
Paulo. O polo calçadista em Minas Gerais é formado por 1200 empresas.
São 800 apenas em Nova Serrana, que são responsáveis pela geração de
aproximadamente 20 mil empregos diretos.
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