
O Sapateiro, é o principal símbolo de profissão e de remuneração aqui em Nova Serrana, MG. A Capital Nacional do Calçado Esportivo. Nesse contexto, a história a seguir, postada no site Mediativo, e republicada aqui, ajudará voce entender mais sobre essa valiosa profissão, principalmete para a população nova-serranense, no estado de Minas Gerais.
O local repleto de sapatos e ferramentas é muito movimentado, os clientes entram e saem. Quando está no balcão, Ramos cumprimenta as pessoas que passam pela calçada, seu trabalho é conhecido na região e os amigos são muitos

Sapato velho é bem melhor, não machuca o pé...
O sapato deixou de ser um artigo de primeira necessidade, utilizado apenas para proteger os pés. Atualmente ele pode representar um estilo, uma tendência de moda e até um fetiche. Mas mesmo com toda a tecnologia empregada nas grandes indústrias de calçados nacionais e, uma infinidade de modelos que seguem as tendências mundiais, o hábito de levar os calçados usados ao sapateiro resiste a tudo isso.
Ao invés de comprar sapatos ou sandálias novas, algumas pessoas preferem recuperar os pares já surrados, economizando dinheiro e, na maioria das vezes, os clientes ficam satisfeitos com o resultado.
O bairro da Ponte São João abriga um destes profissionais que com a sua arte, resistiram ao tempo. Manoel Jaime dos Ramos trabalha como sapateiro desde os 17 anos quando chegou em Jundiaí após vir de Pernambuco. Aqui foi acolhido por um irmão que tempos depois voltou para a terra natal e Manoel seguiu o seu caminho sozinho. Com alguma experiência em conserto de arreio, que é um conjunto de peças em couro para montaria, Ramos trabalhou em diversas fábricas de sapatos em Jundiaí. “Na época a Vulcabrás era forte na cidade”, lembra os tempos áureos das fábricas de calçados.
Em 1974, com conhecimento e sabedoria suficientes para abrir o próprio negócio, decidiu montar a sua sapataria. “Não agüentava mais trabalhar em firmas e parti para o negócio próprio”. Sua primeira sapataria funcionava na Rua Dino, na Ponte São João, mesmo bairro onde está instalado atualmente na Rua São Pedro, em sua quarta loja.
São décadas de trabalho e dedicação ao ofício que não esmoreceu no tempo, mas o sapateiro conta que apenas depois dos 62 anos conseguiu montar a sua loja e comprar a casa própria. “Hoje neste local, tenho a sapataria e em breve me mudarei para a casa ao lado, mas ainda faltam algumas reformas”, planeja Ramos.
Em seu local de trabalho as ferramentas lembram uma sala de costura misturada a uma oficina. Há carretéis de linha, pedaços de couro, tesouras, chaves de fenda, martelos, tintas, graxa, máquinas e muitos sapatos. Nas prateleiras e nos balcões sapatos fabricados pela Ramos Sapataria e também uma infinidade de pares de conserto, sem contar nas bolsas e cintos. Uma das máquinas utilizadas no acabamento nos solados dos sapatos foi criada pelo próprio Ramos, devido a sua experiência nas fábricas de calçados. Além disso, há um mezanino com maquinário para “lacear” os calçados que são produzidos pela sapataria. Quem explica é Luciano Ramos, filho de Manoel e seu sucessor.
O sapateiro tem apenas um funcionário, um dos seus três filhos que escolheu acompanhar o pai na profissão. Luciano Ramos ajuda o seu pai com os consertos na sapataria desde os 12 anos de idade. “Comecei a ajudar o pai apenas aos sábados e depois fiquei direto com ele”, conta o filho. Ambos se revezam entre os consertos e o atendimento dos clientes no balcão. O bom humor está presente em cada conversa e a impressão de que temos é que cada cliente é uma pessoa já conhecida por eles. E na maioria das vezes é mesmo.
A maior demanda na sapataria são os consertos em calçados masculinos e femininos, cintos, bolsas e malas, mas há procura também pelos sapatos e chinelos confeccionados por eles. “As botinas masculinas são as mais pedidas e são fabricadas em couro legítimo”, diz Ramos.
Seus clientes não são apenas moradores do bairro Ponte São João e redondezas, há também pessoas de outros bairros da cidade, como Anhangabaú e Vianelo. “Tem gente que vem de Várzea Paulista e até de São Paulo”, ressalta Ramos afirmando também que a melhor propaganda é a boca-a-boca. “Um cliente sai daqui e comenta com um amigo que gostou do serviço e o nome da sapataria se espalha”.
O volume de serviço mensal, segundo Ramos e Luciano, chega a quase 1000 trabalhos, entre consertos e fabricação de calçados. Os números mostram que a sapataria é bastante procurada e que a profissão de sapateiro não vai acabar tão cedo.
Fonte, Mediativo.
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